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«Tu quedas-te eiqui, quetica, i nun refunfunhegas!»






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Toldados pela música e pelo vinho, são pássaros os meus olhos sobre a tarde inteira. Na página do nada, ilumina-se, nívea, uma magnólia de alabastro. Gostaria de a cantar como Eugénio canta o ramo de cerejeira. Daí aos verdes anos vai a distância de um aroma, um tomateiro que nasceu ali, naquele vaso, por engano. Um outrora de tranças louras e pequenas, azuis, despedidas-de-verão. De gargalhadas francas em chinelinhas de meter o dedo. De sorrisos frescos a segurar cubos gelados de laranjada. E tanto dá falar de algas, de medas, de amoras ou de malabarismos num ramo de figueira. Ao entardecer, impreterivelmente, o cerimonial do perfume: as gotinhas de água-de-colónia meticulosamente coreografadas entre os pulsos e a nuca, para um breve passeio até às vitórias. Sorrio-te Ave do Atlântico! Eu sei que caminhávamos até ao farol. Sorrio-te Ave da Serra! Eu sei que olhávamos o pôr-do-sol no lírico cruzeiro sobre a fraga. Mas sabes, há uma cidade nova na outra margem, um estatuto que me vem ferindo as asas.






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